Mal entrasse naquele quarto, meus olhos ficavam prisioneiros do mais subtil espelho com os seus longos retalhos de experiências e vivências. Reflectia pouco a pouco, traço a traço, o ser distante em que eu me estava a construir ... só por causa de TI. A cada minuto, a cada segundo, a cada hora que o relógio marcava, era 'só' mais uma pedra de sofrimento acrescentada em mim. Sem te aperceberes, ias me deixando ... O meu sorriso, o meu olhar, começara a desaparecer, enquanto, as lágrimas desenrolavam-se assim, voltando a mim. Independentemente de toda esta dor que me invade, ainda hoje, era capaz de morrer por ti.
Quatro e meia da manhã sentada no mais belo cadeirão de descanso eu estou, agarradinha a uma simples caneca de chá que eternamente me irá acompanhar nos ‘piores’ desabafos e angústias do presente, passado e futuro. Pensativa com as lágrimas em meu redor e a solidão a corroer-me por dentro, aqui estou eu, prestes a escrever, apagar, voltar a escrever e a apagar de novo. Sinto saudades da minha pura infância, em que toda a gente me acompanhava nas mais diversas decisões por mim tomadas, nas tão famosas birras, nas gargalhadas e nas brincadeiras na praia. Pequenina eu era, mas já com as ideias tão bem vincadas acerca da pessoa que eu viria a ser… Lembro-me que os castelos na areia por mim construídos tinham sempre o máximo de rigor. O mar rebelde com as suas forças destruía-me os sonhos que tinham sido ali depositados, naquela areia fina. Logo de seguida era capaz de até mostrar o meu ar tristonho para ele, mas nunca me sentia derrotada … a criança que estava em mim era bem mais forte e lutadora que qualquer ser à face da Terra. Já passaram anos e anos desde o último dia das “fantasias”, mas a persistência e a coragem jamais foram levadas pelo tempo que passou por mim. Até hoje, dia 18 de Julho de 2009, a menina pequenina cresceu e continuará a crescer, frente a frente com as mais diversas tempestades e com a vontade de vencer tudo e todos. Diversas “espécies” de seres humanos passaram por mim ao longo desta minha viagem, abrindo a porta do meu carro… Só eles percorreram junto a mim as mil e uma cidades de Norte a Sul do país, mas … ao fim de poucos e longos quilómetros abriram-na de novo e logo de seguida fecharam-na de repente, deixando-me sozinha. Será hoje, amanhã e sempre este o meu lema, ‘Bora lá seguir com isto, a vida são dois dias!’.